Ajuda! O meu cão tem um caroço!

Primeiro – não entre em pânico. Segundo – marque uma consulta.

Há muitas partes do corpo onde o seu cão (ou gato) pode desenvolver um caroço, incluindo a pele, as pálpebras, dentro da boca, nas glândulas linfáticas, e no anus. Hoje vamos falar sobre alguns dos caroços da pele mais comuns em cães.

Muitos dos caroços são totalmente benignos. Estes incluem quistos sebáceos (gigante ponto negro), cravos (particularmente em cães velhos de raça terrier, epagnol, poodle, bichon frisé), e corpos estranhos (especialmente agora no verão com tudo tão seco – praganas e outros pedaços de plantas espetam-se e entram na pele, provocando inflamação, pús, inchaços.

Você provavelmente já ouviu falar de lipoma – caroços feito de gordura. Estes crescem sob a pele, com uma forma redonda e lisa. Podem ser pequenos como um rebuçado ou grandes como um melão! Ocorrem em qualquer raça, mas os lipomas muito grandes têm tendência a aparecer mais em labradors e epagnois springer. Crescem independente do peso ou obesidade do cão. Feitos de gordura, são inofensivos. Mas, se crescerem muito, particularmente na axilla ou na virilha, onde há muito espaço sob a pele, podem provocar problemas com a mobilidade do cão. O cão tem de oscilar a perna num movimento abnormal para andar. Há algumas semanas atrás, eu removi um lipoma de 1kg de peso!! Para o cão foi como ganhar uma nova vida, porque antes não conseguia andar da maneira certa e tinha os joelhos a sofrer com os ângulos das pernas (ver foto).

A decisão sobre cirurgia do lipoma do seu cão depende do sítio no corpo onde está a crescer, e com a rapidez do crescimento. Alguns deles ficam com o mesmo tamanho durante anos; outros crescem sem parar – são estes que mais precisam de ser removidos.

A maioridade dos caroços que ao PALPAR se sentem como se fossem lipomas, SÃO lipomas. Mas, alguns são muito diferentes. O prognóstico é a chave – depois disto, podemos relaxar. Uma amostra retirada com uma agulha e seringa (PAFF) pode determinar, na consulta, se o caroço é feito, simplesmente, de gordura. Este tipo de amostra, feito da maneira certa, dá resultados representativos em 80% de casos. Nos outros 20%, pode ser que o caroço tenha inflamação ou infecção, e a agulha só encontra células de pús. Ou o caroço pode ser dum tipo que não liberta as células facilmente. Normalmente, este tipo de tumor tem uma aparência característica.

Há um tipo de tumor, muito comum, que liberta as células facilmente – chama-se mastocitoma. A aparência e comportamento deste tumor pode ser muito variável. Pode crescer dentro da pele, com uma aparência de uma picada de mosquito em humanos e também dá comichão. Também pode crescer sob a pele, ao palpar sente-se como a textura de um lipoma. Mastocitomas precisam de ser tratados com respeito. Libertam histamina (normalmente libertada em reações alérgicas) e são um tipo de cancro. (A foto mostra uma célula de uma mastocitoma (indicado com círculo) e granulas de histamina (indicado pelas setas)).

No entanto, mais ou menos 90% deles podem ser curados com a cirurgia certa. Entender o carácter e o comportamento do tumor oferece o maior grau de sucesso. Há um provérbio – “o primeiro corte é o mais limpo”. Só queremos remover a área mínima necessária, mas temos de remover tecido suficiente para evitar o recrescimento do tumor, em caso de houver células microscópias que talvez já se tenham espalhado na área. É de notar, que cortar um caroço ás cegas, sem primeiro tentar descobrir a identidade dele, pode resultar em mais cirurgias sem necessidade, ou, pior, resultarem em que o cancro se espalhe dentro do corpo do seu cão.

Umas das excepçōes nesta regra de “primeiro faça uma análise”, são caroços das pálpebras. Quase todos os caroços das pálpebras de cães têm origem num cravo ou de glândula sebácea entupida. Ambos estes são benignos e têm aparências óbvias.

Agora – uma coisa menos grave – se faz favor – tenha atenção e olhe duas vezes se achar que o seu cão tem uma carraça…… Durante anos, eu encontrei clientes que entravam na sala de consulta, e com alta confiança diziam “o meu cão tem uma carraça, mas tenta me morder quando eu tento remové-la”. Em todos os casos, excepto um, eu verifiquei que o cliente estava a tentar torcer e puxar um cravo ou um mamilo. Claro que eu também mordia.

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